sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Crônica do Amor, por Arnaldo Jabor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha.. Ele não tem amenor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

domingo, 18 de outubro de 2009

O Grande Amor chega de Mansinho

Neste mundo contemporâneo em que vivemos praticamente fazemos tudo com tanta pressa que nos deparamos com uniões marcadas por ela e algumas etapas importantes para a construção de relacionamentos consistentes são queimadas.Infelizmente existem relações amorosas que terminam sem nem mesmo terem começado e muitas vezes devido à confusão que as pessoas fazem entre amor e paixão.O amor chega em nossa vida devagarzinho, não chega sem avisar, não vem pronto e tampouco cai do céu. Acredito que o amor é ensaiado para chegar e somos preparados desde a infância para recebê-lo sem grandes arrebatamentos e ansiedade.É diferente de paixão que nos entorpece, amedronta, não se explica e invade nossa alma repentinamente de maneira que sentimos aquele frio na barriga, a boca ressecada e o coração disparado só de pensar no parceiro. Este sentimento ardente termina tão rapidamente como chegou frente ao menor obstáculo.O relato dos apaixonados além de denunciar um desejo ardente e exagerado mostra ainda a perda da individualidade, a dificuldade de compartilhar sentimentos e estabelecer uma relação de companheirismo.Nos relacionamentos movidos pela paixão os parceiros são vistos como objetos existentes para dar prazer imediato.A paixão termina no exato momento que o prazer acaba.Quando nos referimos ao amor notamos a existência do desejo acompanhado de cumplicidade, amorosidade, companheirismo. O amor possui uma temporalidade mais longa, é permeado por respeito mútuo e reconhecimento dos limites do outro. Daí a importância da maturidade emocional conquistada ao longo da vida pois a mesma oferece condições da pessoa sair de si mesma e entrar na posição do companheiro. Compartilhar o amor que existe em você com um parceiro que lhe permita ser o mais autêntico e verdadeiro possível é um grande passo para conquistar uma vida a dois em harmonia...Imagino que muitos leitores estejam aflitos e ansiosos procurando pelo amor de suas vidas, não é mesmo?Realmente não existe receita mas posso afirmar que possuir uma auto-estima positiva, assumir quem você é e aprender a doar e receber amor, pois, estas são atitudes que abrem os caminhos para que o parceiro ideal venha ao seu encontro.Para finalizar convido você a " saborear" Mário Quintana:
"Se tu me amas,
Ama-me bem baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
Deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres, Enfim, ...T
em que ser bem devagarinho...Amada...Que a vida é breve...
E o amor... mais breve ainda."

Lilian Maria Nakhle Escritora /

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Concordo que:

"Pornografia é a sexualidade dos outros..."

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Woody Allen

"Sexo é a coisa mais divertida que eu já fiz sem que risse."

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Dos ficantes aos namoridos

Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.

Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.

Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegueeuse, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos.

Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.

No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.

Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava.

Pois então. A idéia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.

Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.

Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.

Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.

Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".

Martha Medeiros matou a pau com esse texto!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os Amantes de Novembro

Os Amantes de Novembro

Ruas e ruas dos amantes
Sem um quarto para o amor
Amantes são sempre extravagantes
E ao frio também faz calor

Pobres amantes escorraçados
Dum tempo sem amor nenhum
Coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um

De pé imóveis transportados
Como uma estátua erguida num
Jardim votado ao abandono
De amor juncado e de outono.

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

domingo, 4 de outubro de 2009

Hoje, versos de Bocage

"Mais doce é ver-te de meus ais vencida
Dar-me em teus brandos olhos desmaiados
Morte, morte de amor, melhor que a vida"

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Ramo de Flores do Museu, 1



Ó cinérea Princesa, as vossas flores
ficarão para sempre mais perfeitas,
já que o tempo extinguiu brilhos e cores;
já que o tempo extinguiu a habilidosa
mão que elevou, serenas e direitas,
a tulipa sucinta e a ardente rosa
Não há mais ilusão de outra presença
que o Amor, que inspirou graças tão finas
- que ninguém viu e em que ninguém mais pensa -
porque os homens e o mundo são de ruínas
E este ramo de pétalas franzinas,
leve, liberto da mortal sentença,
tinha, ó Princesa, fábulas divinas
em cada flor, sobre o nada suspensa

Cecília Meireles