terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Leão apaixonado - por La Fontaine

A marquesa de Sévigné (La Fontaine, nesta fábula, faz uma homenagem à beleza da marquesa de Sévigné, Marie de Rabutinchantal, escritora francesa cujas cartas são modelo de gênero epistolar) era de uma beleza rara. E estava tão acostumada a ser cortejada, que o fato de até um leão apaixonar-se por ela não era de estranhar.
No tempo em que os animais falavam, era comum que eles ambicionassem fazer parte do convívio humano. Afinal, tal qual os humanos, eles também tinham inteligência, força, coragem e até se comunicavam usando o mesmo código dos homens.
Foi nessa época que o leão apaixonou-se pela bela senhorita Sévigné e, sem demora, pediu-a em casamento.
O pai da jovem assustou-se. Ele queria para a filha um marido um pouco menos terrível, mas temia que uma recusa pudesse apressar um casamento clandestino. Com sua experiência, ele sabia que o fruto proibido tem sempre um paladar melhor.
Resolveu então aceitar a proposta do leão e disse a ele:
- Agrada-me a idéia de tê-lo como genro, mas preocupa-me o fato de que você machucará o corpo delicado de minha filha com suas garras, e, ao beijá-la, os seus dentes impedirão que ela lhe corresponda com prazer.
E o leão apaixonado permitiu que lhe cortassem as garras e lhe lixassem os dentes.
Sem garras e sem dentes, sua fortaleza foi destruída e um bando de cães o atacou, sem que ele conseguisse se defender.
Moral: Ah! A paixão! Feliz daquele que escapa dos seus ardis!

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